Augen recebe aporte do Fundo GovTech da KPTL e Cedro Capital para aplicar tecnologia de estações autônomas para tratamento de água.
julho 19, 2023

Startup recebe aporte de R$ 4 milhões para aplicar tecnologia de estações autônomas em infraestruturas de tratamento de água e esgoto.

O Fundo GovTech, gerido pela Cedro Capital e KPTL, acaba de investir R$ 4 milhões na Augen, uma startup especializada em soluções digitais para empresas de saneamento. O aporte marca o início de um novo ciclo para a gestora de recursos independentes, à medida que adentra para o mundo das GovTechs. Em essência, as GovTechs são agentes de inovação na gestão pública, que, em troca, oferecem à sociedade processos mais ágeis, eficientes e transparentes.

Neste ano, a Cedro Capital lançou, em parceria com a KPTL, o Fundo GovTech, um dos maiores fundos de investimento do Centro-Oeste dedicado à tecnologia governamental. Seu portfólio de investidores inclui empresas de renome, como a gigante de computadores Positivo, além da Multilaser, e agências de desenvolvimento regionais, como a AgeRio e o Badesul.

A startup Augen nasceu com a proposta de permitir que infraestruturas de tratamento de água, esgoto e poços artesianos com décadas de uso sejam alavancadas aos resultados da indústria 4.0 por meio de tecnologia. A complexa solução, baseada em IoT (internet das coisas, na sigla em inglês), chamou a atenção do Badesul, agência de fomento estadual, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, e investidor estratégico do Fundo GovTech, gerido pela Cedro Capital e KPTL, que indicou a empresa para entrar no portfólio de mais de 60 investidas das gestoras.

Criada em 2018, em Rio Grande (RS) a partir da complementaridade da experiência profissional de seus fundadores, a Augen é uma companhia focada na transformação digital do setor de saneamento. Hoje sediada no Parque Tecnológico da Universidade Federal de Rio Grande (FURG), atua de ponta a ponta, fornecendo soluções para tratamento, produção e distribuição de água.

Então professores da instituição, os engenheiros químicos Fabricio Butierres Santana e Cesar Augusto da Rosa se uniram ao engenheiro mecânico Moisés Fernandes Borges, com longa carreira no setor privado. Santana e Rosa já atuavam há anos com saneamento, e com a Augen foram contratados pela Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento) para um projeto especial de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para promover eficiência nas estações de tratamento de água (ETAs) e poços artesianos (PA) da companhia.

Segundo Santana, a ideia é alocar o aporte do Fundo na estrutura comercial e no planejamento financeiro da oferta dos produtos. “Queremos migrar de um modelo de comercialização de hardware e instalações para um modelo de oferta de infraestrutura como serviço (IaaS). É um processo complexo, que demanda cuidados e que exige estar lado a lado com os clientes”, detalha.

Atingir padrões de digitalização e excelência é o principal diferencial da Augen, que implementa soluções da fronteira tecnológica em estações de tratamento de água, esgoto e poços artesianos com mais de 40 anos de uso. No Brasil, boa parte da água é oriunda de poços subterrâneos e a companhia criou o chamado “Poço 4.0”, com análise, tratamento e gestão da produção de forma digital com análise profunda de dados. Após a instalação dessa camada digital, observa-se uma redução de 30 a 45% no uso de produtos químicos e aumento do controle de qualidade desses equipamentos.

Hoje no Brasil o consumo médio é de 152,1 litros de água por habitante/dia e todo esse volume precisa ser tratado. O que mais chama a atenção neste legítimo investimento de impacto é seu potencial de escalabilidade. Afinal, no Brasil existem hoje cerca de 1350 prestadores de serviço de saneamento, sendo a maioria autarquias e departamentos municipais. Atualmente, apenas 0,27% de toda a água que sai das torneiras é digitalizada e a Augen é inteiramente responsável por isso.  

A Augen vai até as cidades e empresas e implementa a tecnologia nas estações de tratamento. São equipamentos que conseguem analisar as características da água, transformando-as em informação digital para leitura de softwares. Então, é possível analisar os dados e tomar decisões, como a dosagem correta de produtos químicos.

Entre os dados analisados estão o cloro, o fluoreto, a cor, a turbidez, a acidez e a temperatura da água. A água passa pelos equipamentos, que identifica como ela está e faz as dosagens necessárias.

Durante os cinco anos de existência, a média de crescimento de faturamento da startup no ano a ano é de 115%. Ela fechou 2022 faturando 8 milhões de reais. Para 2023, quer mais do que triplicar esse valor, chegando a um faturamento de 20 milhões de reais. O aporte irá ajudar.

Head do Fundo GovTech da KPTL, o economista Adriano Pitoli explica que a Augen atraiu a atenção porque desenvolveu um sistema sofisticado ainda não disponível no mercado. “Durante nossa apuração, consultamos especialistas, empresas de IoT e percebemos que quem conseguiu trazer uma solução técnica que passou por provas de conceito foi a Augen”, explica Pitoli.

A questão do saneamento é crucial para o País e central nas teses do Fundo GovTech da KPTL. “É o principal desafio do país hoje, onde ainda convivemos com indicadores de quarto mundo. Por isso, fomos atrás de empresas que aportassem, de fato, tecnologia. A solução da Augen reduz de forma significativa o custo, seja de capital ou operacional, das companhias para tratar água e esgoto. É um exemplo de inovação que vai nos ajudar muito a superar esse gap vergonhoso de acesso ao tratamento de água e esgoto”, acrescenta Pitoli.

O modelo de negócios da Augen é focado em empresas de saneamento estatais ou privadas, com unidades de tratamento de até 600 litros por segundo. Desde a fundação a empresa já foi reconhecida com os prêmios Top 10 Indústria 5.0 do South Summit Brazil e o Prêmio Pesquisador Gaúcho de Startup Inovadora 2022.